Texto de meu post no blog Meme de Carbono, sobre um caso de conflito médico-paciente:
Caros blogueiros, caro Roney,
Em primeiro lugar, devo dizer que esta será minha última intervenção
neste post de um blog que me parece excepcional. Gostaria apenas de
acrescentar, neste tópico tão comentado e que sempre gera uma discussão
muito ampla e frutífera, algumas idéias adicionais. Roney, suas palavras
foram muito importantes, talvez o mais importante de todos os
comentários aqui feitos: realmente, sem liberdade de expressão, nem eu,
nem ninguém teria exteriorizado suas idéias. Evitei fazer comentários
sobre o veredito da justiça não por concordar com ele: pelo contrário,
eu sou contra atitudes que cerceiem a liberdade de expressão. Seria
contraditório não sê-lo. Também sou contra atitudes arrogantes de quem
se acha dono da verdade. A verdade não é prerrogativa de ninguém, e nós
até podemos nos aproximar, através do estudo das evidências, de uma
certa qualidade da verdade, mas nunca podemos impor autoritariamente
nossa visão como a única. Por isso, da mesma forma que critico colegas
médicos que incorrem em verdadeira má prática, critico também pacientes
desinformados que fazem acusações baseadas em senso comum e em suas
convicções pessoais. Existe um certo romantismo em defender-se um “pobre
paciente” contra o “vil e cruel doutor” e esta esteriotipação não ajuda
realmente os pacientes. Também concordo que as leis brasileiras
beneficiam a invisibilidade dos verdadeiramente culpados, mas isso vem
de todo um contexto social, e a impunidade não tem casos restritos à
área da saúde. Volto a reiterar minha opinião principal, que é a que eu
gostaria que ficasse: antes preparar bem os médicos e outros
profissionais da saúde, dando-lhes parâmetros éticos para seu
comportamento e capacitação técnico-científica, do que apagar as
fogueiras ateadas pela imprudência de um sistema mal-estruturado e por
profissionais à deriva, sem um norte. Eu me solidarizo não somente com
os casos aqui publicados, como com muitos outros de que ouvimos falar,
mas gostaria de apontar que, muitas vezes, o que ocorreu não foi um
verdadeiro erro médico (a má prática, com má intenção), mas um
relacionamento médico-paciente problemático, onde não falta a culpa de
ambos. Creio que esta foi a essência do caso que culminou no excesso de
uma sentença judicial (a qual teria sido evitada se ambas as partes
tivessem dialogado mais, tenho certeza). Também creio que isto pode ter
ocorrido no caso da Cláudia e peço ao Roney que tenha muito cuidado com a
avaliação dos meios a partir de seus fins (no caso os resultados). Nem
sempre resultados (ou fins) justificam os meios, como a história humana é
prenhe de exemplos, a maioria fora da área da saúde. Existem evidências
que norteiam a boa prática médica e, neste caso, vale uma consulta à
bibliografia, pois nem sempre um ou alguns casos de sucesso bastam para
comprovar um procedimento médico qualquer. Por último, peço tolerância a
todos os blogueiros e moderação quando tecem críticas dirigidas à
pessoas específicas, pois o respeito mútuo é que nos fará construir um
diálogo equilibrado. Iniciar um fogo no meio da floresta é imprudente.
Um parabéns ao Roney pelo blog excepcional e a todos que contribuem com
ele. Um abraço a todos!
Helder
Pediatra (com orgulho, mesmo tendo escolhido – por hora – não atender
consultório nem ensinar, pois meus clientes atuais exigem minha
dedicação exclusiva!)
Post completo: http://bit.ly/hBpOtx
Caros blogueiros, caro Roney,
Em primeiro lugar, devo dizer que esta será minha última intervenção
neste post de um blog que me parece excepcional. Gostaria apenas de
acrescentar, neste tópico tão comentado e que sempre gera uma discussão
muito ampla e frutífera, algumas idéias adicionais. Roney, suas palavras
foram muito importantes, talvez o mais importante de todos os
comentários aqui feitos: realmente, sem liberdade de expressão, nem eu,
nem ninguém teria exteriorizado suas idéias. Evitei fazer comentários
sobre o veredito da justiça não por concordar com ele: pelo contrário,
eu sou contra atitudes que cerceiem a liberdade de expressão. Seria
contraditório não sê-lo. Também sou contra atitudes arrogantes de quem
se acha dono da verdade. A verdade não é prerrogativa de ninguém, e nós
até podemos nos aproximar, através do estudo das evidências, de uma
certa qualidade da verdade, mas nunca podemos impor autoritariamente
nossa visão como a única. Por isso, da mesma forma que critico colegas
médicos que incorrem em verdadeira má prática, critico também pacientes
desinformados que fazem acusações baseadas em senso comum e em suas
convicções pessoais. Existe um certo romantismo em defender-se um “pobre
paciente” contra o “vil e cruel doutor” e esta esteriotipação não ajuda
realmente os pacientes. Também concordo que as leis brasileiras
beneficiam a invisibilidade dos verdadeiramente culpados, mas isso vem
de todo um contexto social, e a impunidade não tem casos restritos à
área da saúde. Volto a reiterar minha opinião principal, que é a que eu
gostaria que ficasse: antes preparar bem os médicos e outros
profissionais da saúde, dando-lhes parâmetros éticos para seu
comportamento e capacitação técnico-científica, do que apagar as
fogueiras ateadas pela imprudência de um sistema mal-estruturado e por
profissionais à deriva, sem um norte. Eu me solidarizo não somente com
os casos aqui publicados, como com muitos outros de que ouvimos falar,
mas gostaria de apontar que, muitas vezes, o que ocorreu não foi um
verdadeiro erro médico (a má prática, com má intenção), mas um
relacionamento médico-paciente problemático, onde não falta a culpa de
ambos. Creio que esta foi a essência do caso que culminou no excesso de
uma sentença judicial (a qual teria sido evitada se ambas as partes
tivessem dialogado mais, tenho certeza). Também creio que isto pode ter
ocorrido no caso da Cláudia e peço ao Roney que tenha muito cuidado com a
avaliação dos meios a partir de seus fins (no caso os resultados). Nem
sempre resultados (ou fins) justificam os meios, como a história humana é
prenhe de exemplos, a maioria fora da área da saúde. Existem evidências
que norteiam a boa prática médica e, neste caso, vale uma consulta à
bibliografia, pois nem sempre um ou alguns casos de sucesso bastam para
comprovar um procedimento médico qualquer. Por último, peço tolerância a
todos os blogueiros e moderação quando tecem críticas dirigidas à
pessoas específicas, pois o respeito mútuo é que nos fará construir um
diálogo equilibrado. Iniciar um fogo no meio da floresta é imprudente.
Um parabéns ao Roney pelo blog excepcional e a todos que contribuem com
ele. Um abraço a todos!
Helder
Pediatra (com orgulho, mesmo tendo escolhido – por hora – não atender
consultório nem ensinar, pois meus clientes atuais exigem minha
dedicação exclusiva!)
Post completo: http://bit.ly/hBpOtx
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